domingo, 20 de abril de 2008

Mini-boletim 5 - Internet e TV Colaborativas: temas políticos

Amig@s,

Como os trabalhos na Rede Colaborativa através da Internet ou de uma TV Interativa (principalmente se esta for pública) ainda são recentes - embora o tema não o seja, achamos importante reiterar alguns comentários.

A pretensão da Rede Colaborativa é realizar um trabalho de Comunicação não tradicional e não autoritário porque solidário, entre emissor e receptor, entre um usuário da rede e outro, ou entre uma instituição e sua “clientela” e desses entre si. Qualquer pessoa pode fazer parte dessa Rede, comunicando e educando.

No caso de uma instituição, a intenção de sua direção em construir redes deve, é claro, ser articulada com o setor de Comunicação. Melhor, deve ter uma ligação direta com o sonho político institucional.

Pela importância estratégica, esse setor também merece ser apoiado pelos outros profissionais especialistas que ali trabalham, que produzem conteúdos mais de acordo com a vocação da instituição.

É certo que não será nesse Mini-Boletim que iremos esgotar o tema.
Porque, é claro que não estamos tratando apenas de comunicação e sim principalmente de outro tema que também interessa: política em rede.

Continuando: estamos falando de comunicação, e de política não partidária, atividade pública exclusivamente exercida por humanos sujeitos de Direitos: política social, política sanitária, política educacional, política empresarial...! A comunicação, mais do que informar aos outros, mais do que servir à auto-referência de uma organização (fizemos isso e aquilo e nosso presidente esteve presente sei lá onde...), necessita entender profundamente da missão política institucional dessa organização em primeiro lugar. Em segundo lugar, deve saber tratar dos conceitos políticos que embasam essa missão. Em terceiro, precisa conhecer a teoria política que por sua vez credencia esses conceitos. Se não for pedir muito, deve ter, sobretudo, uma opinião própria. A comunicação não é uma “correia de transmissão”. Obediente.

O trabalho da comunicação em rede solidária se dará em instituições que têm uma missão política também solidária, integradora, participativa.
Meio tolo pensar que a TV será interativa porque poderemos selecionar a programação que nos interessa e assistir passivo apenas a ela, sem interferir em nada no seu conteúdo.

Mesmo que outra instituição pretenda apenas vender chinelos, se sua missão for exclusivamente o ato da venda, nenhum artifício será integrador. Não adianta a instituição “customizar” o produto, nem fornecer um “atendimento personalizado”, um “gerente exclusivo” que te olha nos olhos. Mais cedo ou mais tarde, o “cliente” vai descobrir que enviar uma mensagem para sua casa, dirigida a você, mencionando seu nome..., é apenas um jogo de corpo tecnológico: um software faz isso, não é humano; é desumano. Você não é realmente visto, sua opinião não interessa, não é sujeito de coisa alguma.
A esperança equilibrista é que algum dia essa forma equivocada “interativa de ser” seja descoberta.
E vai ser ruim constatar que em decorrência a verossimilhança da instituição pode sofrer um “certo” abalo por parte do “consumidor”.

Algumas empresas comerciais têm aplicado algumas estratégias de diálogo com seu público focal, com a intenção de subtrair informações que beneficiem sua área de negócios. Mas isso já é outro assunto.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Mini-boletim 4: Internet Colaborativa, o caso da menina de 5 anos Isabella Nardoni (1,5 laudas)

Uma opinião que já declarei: a Internet Colaborativa deve ser entendida como meio fundamental e insubstituível para se propor o Marketing Social, Cultural ou Empresarial de qualquer empreendimento.

Naturalmente cada pessoa ou instituição vai decidir sempre se utilizará ou não da Internet Colaborativa para se comunicar com seu público preferencial: tudo bem!

O que fica cada vez mais difícil é acreditar que algo terá a justa visibilidade através de qualquer mídia tradicional que não dialogue.

Então, como fazer um site ter visibilidade?
Mesmo que essa iniciativa tenha uma imagem excelente e conteúdo pertinente, a tentativa de comunicação continuará sendo velha se não for incluir numa conversa dialógica as pessoas para quem se destina.

Estamos finalmente chegando ao que está sendo anunciado desde a década de 90: a internet permite que qualquer pessoa emita opinião. Reitero e acrescento o que já é sabido: permite que qualquer a pessoa emita sua própria opinião.

Pergunta: se cada pessoa pode emitir sua própria opinião sobre qualquer assunto, porque ela deve ficar acomodada e meio impotente olhando passivamente o que “os outros” têm a dizer?

Porque, por exemplo, tomar a atitude de visitar um site? Não é melhor fazer um blog e procurar seu público específico - aqueles interessados nos mesmos temas que ele para trocar com uma vasta, desconhecida e nova clientela, acreditando realmente que todos também têm saberes significativos adquiridos ao longo das suas existências e que vale a pena conhecer? Trocar ao invés do mero e limitado “informar”! Ou seja: porque “olhar para outros” se eles apenas querem dizer algo que atende aos seus interesses exclusivos, sejam interesses de mercado, sociais, culturais...?

Repito: se cada pessoa pode se transformar em sujeito ao declarar o que bem entende, se ele pode alcançar uma razoável e inédita visibilidade que lhe era de direito e foi negada, se ele pode começar a trocar informação / conhecimento / experiência sem intermediários ao invés de se comportar como mero consumidor, porque, por exemplo, apenas ler um jornal, quando é notório que essa mídia carrega sempre uma versão “interessada” dos fatos, unidirecional, não interativa, limitada?

O caso da menina Isabella Nardoni, exaustivamente “explorado” (essa é a palavra) pelos grandes meios de comunicação, dialoga com a população ou simplesmente informa, verticalmente, de cima para baixo?
Esse caso, pelos aspectos nele envolvidos, poderia criar uma discussão nacional compartilhada, interativa sobre civilidade, proteção à infância, Direitos Humanos, amor, sei lá mais o que. No lugar disso o que vemos são informações desejáveis mas muito restritas ao seus apelos emocionais e policiais do acontecimento. O caso humano se transforma em “caso”, notícia, falatório, extravagância, maluquice.

Voltando ao site: porque visitá-lo se ele também “informa verticalmente de cima para baixo”, como um jornal?

Quem nunca viu o site padrão? Aqui nesse site jaz uma instituição X, que tem a missão etc e tal bacanérrima, com a visão e o valor W / Y, que “saiu” na imprensa Z vezes.
É importante um site esclarecedor sobre uma instituição? É! Um site tem condições de ir além? Tem!

Ele pode ir além sim ao manifestar interesse em trocar saberes com aqueles que estão se transformando em produtores de conteúdos, divulgadores de conceitos originais, que pretendem um contato em rede, horizontal, sem dono.
Se dialogar e colaborar em rede solidária, pode criar vínculos. Se criar vínculos, será visitado! Nesse caso, o site divulgará a instituição que o originou.

Ou não?
O que você acha?
Abraços em tod@s vocês,Luiz Fernando Azevedo - Dudu