segunda-feira, 7 de abril de 2008

Mini-boletim 4: Internet Colaborativa, o caso da menina de 5 anos Isabella Nardoni (1,5 laudas)

Uma opinião que já declarei: a Internet Colaborativa deve ser entendida como meio fundamental e insubstituível para se propor o Marketing Social, Cultural ou Empresarial de qualquer empreendimento.

Naturalmente cada pessoa ou instituição vai decidir sempre se utilizará ou não da Internet Colaborativa para se comunicar com seu público preferencial: tudo bem!

O que fica cada vez mais difícil é acreditar que algo terá a justa visibilidade através de qualquer mídia tradicional que não dialogue.

Então, como fazer um site ter visibilidade?
Mesmo que essa iniciativa tenha uma imagem excelente e conteúdo pertinente, a tentativa de comunicação continuará sendo velha se não for incluir numa conversa dialógica as pessoas para quem se destina.

Estamos finalmente chegando ao que está sendo anunciado desde a década de 90: a internet permite que qualquer pessoa emita opinião. Reitero e acrescento o que já é sabido: permite que qualquer a pessoa emita sua própria opinião.

Pergunta: se cada pessoa pode emitir sua própria opinião sobre qualquer assunto, porque ela deve ficar acomodada e meio impotente olhando passivamente o que “os outros” têm a dizer?

Porque, por exemplo, tomar a atitude de visitar um site? Não é melhor fazer um blog e procurar seu público específico - aqueles interessados nos mesmos temas que ele para trocar com uma vasta, desconhecida e nova clientela, acreditando realmente que todos também têm saberes significativos adquiridos ao longo das suas existências e que vale a pena conhecer? Trocar ao invés do mero e limitado “informar”! Ou seja: porque “olhar para outros” se eles apenas querem dizer algo que atende aos seus interesses exclusivos, sejam interesses de mercado, sociais, culturais...?

Repito: se cada pessoa pode se transformar em sujeito ao declarar o que bem entende, se ele pode alcançar uma razoável e inédita visibilidade que lhe era de direito e foi negada, se ele pode começar a trocar informação / conhecimento / experiência sem intermediários ao invés de se comportar como mero consumidor, porque, por exemplo, apenas ler um jornal, quando é notório que essa mídia carrega sempre uma versão “interessada” dos fatos, unidirecional, não interativa, limitada?

O caso da menina Isabella Nardoni, exaustivamente “explorado” (essa é a palavra) pelos grandes meios de comunicação, dialoga com a população ou simplesmente informa, verticalmente, de cima para baixo?
Esse caso, pelos aspectos nele envolvidos, poderia criar uma discussão nacional compartilhada, interativa sobre civilidade, proteção à infância, Direitos Humanos, amor, sei lá mais o que. No lugar disso o que vemos são informações desejáveis mas muito restritas ao seus apelos emocionais e policiais do acontecimento. O caso humano se transforma em “caso”, notícia, falatório, extravagância, maluquice.

Voltando ao site: porque visitá-lo se ele também “informa verticalmente de cima para baixo”, como um jornal?

Quem nunca viu o site padrão? Aqui nesse site jaz uma instituição X, que tem a missão etc e tal bacanérrima, com a visão e o valor W / Y, que “saiu” na imprensa Z vezes.
É importante um site esclarecedor sobre uma instituição? É! Um site tem condições de ir além? Tem!

Ele pode ir além sim ao manifestar interesse em trocar saberes com aqueles que estão se transformando em produtores de conteúdos, divulgadores de conceitos originais, que pretendem um contato em rede, horizontal, sem dono.
Se dialogar e colaborar em rede solidária, pode criar vínculos. Se criar vínculos, será visitado! Nesse caso, o site divulgará a instituição que o originou.

Ou não?
O que você acha?
Abraços em tod@s vocês,Luiz Fernando Azevedo - Dudu

5 comentários:

Leila Borges disse...

Dudu, concordo com você, temos o direito de falar e/ou escrever o que vemos de injustiça ou justiça cega. Lemos nos jornais muitas agressões cometidas por jovens e ficou na mesma, não houve punição, isto é, compactua-se com determinadas atitudes.
Parece que não damos passos á frente, mas para tras. Revendo as críticas, do autor inglês Dickens, mostrando o tipo de sociedade da época,século XIX, constata-se que nada mudou, a justiça é boa para o rico, o pobre não possui direito à defesa e só por ser podre já era considerado culpado. Hoje temos os cartéis de direitos humanos, que é uma baboseira, por que isto ocorre? Como você colocou a mídia manipula tudo, pois a sociedade com poder aquisito maior é a favor. É uma decepção....

Luiz Fernando "Dudu" Azevedo disse...

Natureza Humana

Grato pela resposta, Leila.
Mas dê uma chance aos Direitos Humanos: eles existem para cada um de nós. Comunicação é um Direito Humano. Poder expressar sua opinião, idem.
Trabalhar, morar, estudar, se alimentar, ter saúde, ter segurança, se locomover, ter acesso à cultura, ao esporte, ao lazer, ao outro: todos são Direitos Humanos.
De forma maliciosa a grande imprensa induz que pensemos que só bandidos têm Direitos; mais uma armadilha. Todos nós temos Direitos porque somos natureza e humanos.

Fátima Campilho disse...

Olá!
A grande sacada do blog é esta: interatividade em grande escala.
Não há ainda a prática de deixar comentários. A maioria assemelha-se ao site, isto é, informa sem provocar uma discussão. O meu é assim! Há uma sutil diferença entre blog visitado e blog comentado. Os mais comentados são aqueles que atraem o público com temas polêmicos, mas há também os mais visitados por publicarem assuntos de interesse geral ou aqueles voltados para determinada área, assim como as revistas impressas ou eletrônicas.
Para criar vínculos, é interessante fazer parte de uma comunidade pois reúne profissionais com idéias afins.
Faço parte de uma: Blogs Educativos.
É muito interessante, há realmente uma troca através de e-mails, fórum de debates, chats. Foi nela que comecei a aprender mais. Não participo ativamente por falta de tempo.
Há outras questões a pensar. Você conseguiu! O problema é o leitor ter tempo para escrever suas reflexões.
Abraços.

Fátima Campilho disse...

Para "criar vínculos", deixei um selinho da amizade lá no meu blog para você.
Abraços.

Língua Portuguesa disse...

Grande Dudu...
esta é a imprensa que aos ventos 'fortes', por sinal, brada direitos humanos a todos, inclusive para os pobres coitados que cumprem pena nas nossas 'injustas' penitenciárias. Mas, quando o assunto é vender jornal, espaço de propaganda, ou seja, sobreviver como mídia de influência, o 'Direitos Humanos' vai para o espaço. Menos de um ano, uma mãe perdeu sua filha atingida por uma bala perdida, quando estava levando (ou voltando) sua irmã à escola. A mídia interessada, claro, cedeu espaço. Uma semana depois, não se falava no desespero desta mãe que ficou sem alguém que a ajudava nas tarefas domésticas enquanto saía para conseguir o sustento diário. Não houve perícia, laudo, nada da instituição governamental para buscar o culpado, fosse ele cumprindo suas obrigações legais, agentes da lei, ou sua defesa marginal, tráfico e assemelhados.
Diferença entre os casos: money-money-money-money!!!´
Algo em torno de um, dois meses, no máximo, igual caso: uma trabalhadora, mesmo, foi atingida dentro de sua residência por um mesmo projetil, perdido, é óbvio -há tendências masoquistas que dizem que estes são os achados.
Uma comoção nas comunidades onde ocorreram os casos. A imprensa tomou como um caso corriqueiro e pau nas máquinas que tal tipo de notícia não vende jornal.
Diferenças e semelhanças entre os casos:
A menina morava em um condomínio de classe média alta de São Paulo;
a outra menina, que ajudava a mãe nas tarefas domésticas, morava num 'condomínio' de assalariados, vulgarmente chamado de favela do morro dos Macacos;
a trabalhadora que acabara de chegar ao seu lar para descansar de mais um dia de labuta, morava em um igual 'condomínio' de classe trabalhadora num dos bairros mais violentos da cidade do Rio de Janeiro, denominado, paradoxalmente de, Cidade de Deus.
A imprensa, nos dois casos cariocas, como em muitos outros que ocorrem pelo Brasil a fora, noticiou como mais um caso corriqueiro e ponto final, sem se preocupar com os culpados. No caso da menina de São Paulo, já até julgou os culpados.
Semelhança: as três estão mortas. E, se souber explorar, vende jornal que é uma barbaridade.
Abraços fraternos
porém preocupados,
João, o temeroso